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Entrevista na revista Pontos de Vista do Público

Entrevista na revista Pontos de Vista do Público

No trajeto do Grupo Clara Saúde, qual é a característica primordial que permitiu a vossa diferenciação?

Penso que temos várias características de diferenciação. A primeira e iniciando pelo campo da investigação, deve-se a atenção que temos com a Inovação e o a preocupação que temos na evolução da ciência médica. E depois, a proximidade que mantemos com os nossos utentes e com o valor humano, neste nosso trajeto. Estas têm sido as nossas prioridades e temos tido sucesso com elas. No sector da Saúde, o Grupo CS é referenciado com experiência, rigor e profissionalismo, como chegou até aqui? Com excelentes profissionais sem dúvida, a escolha que fazemos quando escolhemos as equipas com que trabalhamos para qualquer um dos nossos projetos, é fundamental para sermos reconhecidos.

Todas as áreas de negócio do Grupo Clara CS, estão preparados para responder a necessidade dos utentes nesta Pandemia?

Na verdade, penso que ninguém estava preparado para uma Pandemia em Portugal, toda a nossa estrutura em qualquer uma das nossas áreas vivia de acordo com as suas necessidades; com a Pandemia tivemos que nos estruturar e criar novos acessos a Saúde, para responder com rapidez a todos os que necessitam.

Tendo os seus serviços centrais no distrito de Setúbal, preocupa-o o número e casos neste distrito, pensa que este número pode aumentar?

Sem dúvida que vão aumentar. Parece-me, no entanto, que estão subvalorizados.

De que forma está neste momento, o Grupo a ajudar o seu Distrito e o Pais a ultrapassar a fase Covid-19?

A maior ajuda que podemos neste momento oferecer é disponibilidade, as pessoas neste momento precisam de respostas rápidas e alguém que os ajude, principalmente na sua saúde não relacionada com a pandemia atual. Não podemos deixar a nossa população adoecer e morrer por falta de assistência, que neste momento está a ser canalizada para o Covid19. E isto já está a acontecer por todo o País. E toda a estratégia e planificação que criamos foi nesse sentido, criamos as teleconsultas, musculamos as equipas de enfermeiros com mais domicílios, mais técnicos nas colheitas, criamos uma linha de especialistas para responder com todo o profissionalismo ao Covid-19. A nossa abordagem assenta numa estratégia de triagem em massa que possa sinalizar as situações que necessitam de testes de diagnóstico RT-PCR, as que não necessitam e as que necessitam ficar em vigilância para serem triados novamente. De extrema importância é o início do estudo da imunidade da população por forma a devolver o maior número de pessoas aos seus locais de trabalho, testes esses que já começámos a fazer.

Na fase da Pandemia, assumiu como Medico e CEO do Grupo, que teriam que continuar de portas abertas e ajudar quem mais precisa, que são os seus doentes. Que medidas teve de tomar e como consegue manter equipas unidas e motivadas para assumir ao seu lado este desafio?

Em primeiro lugar assegurar a todos que tudo farei para que não haja desemprego no nosso Grupo. Por outro lado, implementar as normas necessárias para que todos os colaboradores estejam o mais seguro possíveis, no que diz respeito a questões sanitárias. Por último, lançar projetos desafiantes, que os nossos colaboradores abraçaram com o empenho, alegria e motivação que os caracteriza: equipas especiais para rastreio de Covid-19; equipas para “fabrico” de máscaras e outro material de proteção individual; constituição de uma equipa científica para efetuar estudos epidemiológicos e de investigação sobre o Covid-19.

Diz-se que “nada será como dantes “; na sua opinião a Pandemia atual irá mudar a forma como a sociedade e a saúde se organizam e comportam?

Eu gostaria de dizer que não, mas acredito que isso vai acontecer. Mas julgo que nem tudo vai ser pior: espero que a nossa atitude, como humanidade, vá mudar perante ameaças globais desta natureza; penso que irá existir uma reflecção sobre a organização dos sistemas de saúde que imporá mudanças importantes. A globalização, tal como a conhecemos, sofrerá um retrocesso. As consequências disso não são previsíveis.

Como Médico, quando acha que será possível voltarmos a vida normal?

Embora se tenha gerado uma desconfiança relativa à interação humana, penso que a nossa vida de relação voltará progressivamente ao normal. Já o mesmo não acontecerá, tão cedo, à estrutura da sociedade portuguesa, cujo descalabro económico trará feridas muito difíceis de sarar.

Estará Portugal preparado para uma pandemia de grande dimensão como esta?

Nenhum País estava preparado. Portugal não é exceção. Mas, atendendo aos nossos recursos e (pouca) autonomia industrial na área da saúde, não nos estamos a sair mal. O mesmo não se vai poder dizer das consequências económicas.



22 de Outubro 2020